31 dezembro 2013

Está calor e sabe a Verão mas afinal é Natal

Dezembro é o pico do verão na Austrália. As pessoas vestem-se com roupas frescas e chinelos. Gozam as férias grandes, vão à praia e reúnem-se com os amigos. Mas, afinal é Natal! A quadra está representada pela habitual azafama entre as zonas comerciais. Local onde se vê os enfeites de natal a decorar as montras das várias lojas. Pelo quarto ano consecutivo passamos o Natal neste hemisfério mas continua a fazer confusão a ausência do frio, da neve, dos agasalhos e sobretudo, de ver o Pai Natal de calções numa prancha de surf!

Haja o que houver na mesa, esteja a temperatura que estiver. Seja verão, seja inverno, pode faltar muitas das iguarias típicas para a época mas o bacalhau é presença obrigatória em qualquer mesa na noite de uma consoada portuguesa mesmo à distancia de 20 mil quilómetros.
A comunidade portuguesa, residente na Austrália não foge à regra. Em cada lar português haverá bacalhau, cozido ou grelhado com batata, legumes e ovo cozido. Para quem não gosta do bacalhau, entra em cena a tradição australiana com origem britânica, o peru ou o pernil de fiambre assado no forno como alternativa mas, o bacalhau está lá, quer se goste, quer se não!
Em família ou entre amigos. Na comunidade portuguesa de Warrawong, a maior da Costa Sul, a ceia deste ano será um pouco mais cedo pois a missa do Galo foi marcada para às 8 horas da noite na igreja local. O padre, português, vem de Sidney e quer regressar cedo a casa. Para os menos pacientes, o jantar começa assim às 6 horas. Para os outros, as 9 horas da noite é a conveniente para a reunião familiar.
Depois do repasto, tal como na maior parte dos lares em Portugal, aguarda-se pela meia noite para a troca dos presentes. Até lá, o convívio queima-se com o vinho do Porto e licores típicos da Madeira, as nozes e as filhoses, a aletria e o bolo rei. Também não faltam as rabanadas, apesar destas não serem habituais na Madeira - a maior fatia dos portugueses residentes nesta região é oriunda daquele arquipélago. Mais difícil de encontrar por cá é o pão-de-ló. Chegada a meia noite o regozijo das crianças, trocam-se os presentes. Depois liga-se para o outro lado do mundo onde o dia está ainda a começar. Matam-se as saudades dos familiares e amigos, trocam-se as novidades entre Portugal e a Austrália. Por telefone ou pelo skype através da internet, “a casa” - para alguns - fica assim mais perto.
É no dia 25 de Dezembro que os Australianos se reúnem em família e, como é verão essa reunião acontece, inevitavelmente, na praia. Os Portugueses tem assim duas reuniões. Uma à moda portuguesa, na noite de 24 e a outra à Australiana durante o dia 25. Preparam-se os mariscos e as saladas, tempera-se a carne e as salchichas frescas. Enche-se a geladeira de cerveja, vinho e água e ruma-se à praia ou ao parque mais próximo de casa. Os assadores já lá estão, equipamento municipal instalado para o usufruto dos munícipes. Quanto mais cedo melhor, para reservar o lugar mais próximo do churrasco.
O dia 26 de Dezembro é sinonimo de compras, as lojas abrem as portas com grandes promoções. Começa oficialmente a época de saldos – Boxing Day - um pouco à imagem dos EUA.

Na passagem de ano a tradição é jantar no clube Português e depois deslocar-se à beira-mar para ver o fogo de artificio. Geralmente há duas sessões de fogo de artificio. A primeira às 9h para os mais novos e a segunda à meia-noite como manda a tradição. Este ano, em Wollongong onde reside uma grande comunidade Portuguesa, o fogo vai realizar-se apenas uma vez, às 9h da noite. Em Sydney, a história é diferente. Milhares de pessoas, provenientes de todo o mundo, dirigem-se à zona de Circular Quay, onde está a Opera House para assistirem ao as duas sessões do fogo de artificio. Os portugueses também marcam presença entre os cerca de 2 milhões de visitantes que afluem à beira rio para passar a noite mais longa do ano. Alguns pormenores que escapam às habituais imagens da televisão. Todas as zonas circundantes e de visionamento deste imenso espetáculo são reservadas. A maior parte não permitem o consumo de bebidas alcoólicas, outras pode-se consumir mas terão de ser compradas no local. Para se conseguir o melhor local, os mais acostumados a estas festividades levam tendas de campismo e acampam com um dia de antecedência. Outros dirigem-se ao local muito cedo, tudo para se obter o melhor local, a melhor fotografia para mais tarde recordar ou partilhar!

 
Manuel Ribeiro/Demotix
FELIZ ANO NOVO!

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